quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sonhos de Alice

Alice estava andando na orla... molhando os pés no mar gelado de sua Cidade das Maravilhas, vendo o sol descer aos poucos até mergulhar completamente naquele mundo de água. Ela poderia jurar que se ouvia um leve chiado quando aquela bola de fogo se molhava!

Havia pouca gente por lá e em certo momento sentiu-se sozinha como se estivesse em um mundo deserto. O silêncio total. Ouvia apenas o som de seus pés pisando na areia fofa. Resolveu parar e se sentar por ali mesmo.

Tudo na mais absoluta quietude. Alice respirou fundo e pode ouvir as batidas de seu coração. Ele estava bem, regular... nada que pudesse fazê-la olhar para o lado ou pular pra fora.

"Isso tudo está é numa mesmice danada" pensou.

O mar estava tranquilo, pequenas ondas se esparramavam sem fazer alarde.
Ela olhou mais uma vez para os sol... ele já estava mergulhado até a metade. Daqui a pouco seria noite. Pensou então em sua própria vida. Quanto tempo se passara e quanto ainda estaria por vir... Até que ponto ela vivia e até que ponto ela apenas existia? Até que altura seu sol já havia mergulhado no mar?

Fechou os olhos. Pensou nas muitas coisas que passara que ainda eram pedras no sapato. Em outras já resolvidas que passaram a fazer parte de seu modo de ser e da pessoa que tinha se tornado. E em todas aquelas que ainda estavam por vir.

Naquele momento ela desejou um desejo ardente, desejou um amor profundo, desejou estrelinhas, magia. "A virtude está nas estrelinhas", disse para si mesma.
Desejou o inesperado. Desejou temperos aromáticos e pimentas bem vermelhas mesmo se fossem ardidas. Alice queria que a vida lhe surpreendesse. Não queria ser o agente de toda e qualquer mudança que se operasse. Queria poder deixar acontecer as vezes. Ter surpresas. E ser feliz com o que viesse.

Abriu os olhos. Perdida nesses pensamentos ela nem percebeu que o sol há muito já havia terminado sua descida. Então desejou ser menos sonhadora. Levantou-se, calçou suas sandálias e saiu da areia pro cimento. Dos devaneios pra vida real.

Um comentário:

Gabriel Maia disse...

"Ah, vida real! Como é que eu troco de canal?"